Neste sábado (1º), o projeto ‘Olubayo – Cinema nas Comunidades Quilombolas’ dá início às suas atividades, com a primeira sessão de cinema ao ar livre na Associação Comunidade Negra Rural Quilombola Águas do Miranda, em Bonito, a partir das 19h.

Idealizada pelo grupo TEZ (Trabalho Estudos Zumbi), a iniciativa busca levar a magia do cinema para comunidades quilombolas do Mato Grosso do Sul, proporcionando momentos de cultura, reflexão e reconexão com a ancestralidade. O projeto foi aprovado no edital da Lei Paulo Gustavo do MinC (Ministério da Cultura), promovido pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) e pelo Governo de Mato Grosso do Sul.

Bartolina Ramalho Catanante, a professora Bartô e uma das idealizadoras do projeto, enfatiza a importância da iniciativa: “Quando o cinema chega até os quilombos, ele não só diverte, mas reafirma uma história de luta e ancestralidade. A comunidade se vê, se reconhece e se fortalece por meio dessas narrativas, que mostram que a população negra tem uma voz potente e urgente dentro do audiovisual brasileiro.”

Parte das comemorações pelos 40 anos do grupo TEZ, o projeto Olubayo visa democratizar o acesso ao cinema, exibindo filmes de cineastas negros que tratam de temas como resistência, identidade e valorização da cultura afro-brasileira. Após cada sessão, serão realizados debates com os moradores, promovendo uma rica troca de experiências e reflexões sobre as histórias e temas abordados nas obras.

A Potência de Narrar Nossas Próprias Histórias

Raylson Chaves, diretor do filme “Águas”, que faz parte da programação, celebra a oportunidade de apresentar seu trabalho em uma comunidade quilombola. “Levar meu filme às comunidades quilombolas do Mato Grosso do Sul é reafirmar que nosso cotidiano importa muito e está cheio de histórias. Possibilitar que as pessoas vejam a Dona Janice romper com a ideia de que mulheres negras precisam se dedicar ao trabalho incansavelmente é potente e transgressor. Ela traz essa urgência de um futuro onde podemos dizer ‘não’ e ficar em paz com isso. Quando nossas histórias são feitas por nós, criamos caminhos possíveis para todos os corpos negros”, afirma.

Além de “Águas”, outros quatro curtas-metragens serão exibidos:

  • “Fábula da Vó Ita”, de Joyce Prado
  • “Bonita”, de Mariana França
  • “Luzes Debaixo”, de Tero Queiroz
  • “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha”, de Daphyne Schiffer

Todas as obras foram produzidas por cineastas negros, reforçando a pluralidade e representatividade do cinema afro-brasileiro.

Celebração aos 40 Anos do Grupo TEZ

O projeto Olubayo marca um momento especial na história do grupo TEZ, que em 2025 celebra quatro décadas de luta e resistência. Fundado em 1985, o grupo foi a primeira entidade do movimento negro no Mato Grosso do Sul, atuando no combate às desigualdades sociais e promovendo a valorização da história e cultura afro-brasileira.

Ao longo de sua trajetória, o TEZ inspirou outros movimentos negros e consolidou seu papel como referência na luta por ações afirmativas e políticas públicas.

Para mais informações sobre as próximas sessões, siga o perfil oficial do projeto no Instagram (@olubayo_cinemanegro).